30 de junho de 2011

O Último Samurai


Ontem à noite, em um frio que calava na alma da gente, pela terceira ou quarta vez, assisti ao filme de Tom Cruise, O Último Samurai, ontem não sei por que, percebi detalhes que nunca havia notado antes, talvez pela minha intensa solidão vivida nos últimos dias, me fez sentir a música de uma forma diferente, me fez ver imagens que de certa forma me trouxeram uma paz interior tão grande que fiquei até agora convencido de que o que vi é mais do que um filme, é uma lição para que possamos aprender a encarar nossas guerras interiores, o que vi e senti foi que devemos ser um samurai às vezes, pensar com a cabeça, mas ao mesmo tempo ter disciplina e treinar, treinar, sempre. Os conflitos vividos pelo Capitão de Tom Cruise me tocaram da forma mais profunda, pois a amargura é muito mais sentida quando se está sóbrio, temos inúmeros fantasmas que nos atormentam no dia a dia, mas que apenas disfarçamos em um copo de algo forte como uma vodca ou uísque. Ontem foi uma noite mágica porque aprendi que dentro de mim existe um samurai em busca da paz, em busca do sacrifício da própria vida em troca da vida do imperador, percebi meio que toscamente que a magnitude da vida se resume somente na morte, na morte que passamos a ignorar, a fugir desde o nosso nascimento, mas que está presente como uns sopros em todos os minutos que respiramos, que falamos, que tocamos, que sentimos, às vezes sem querer imploraram por ela em nosso íntimo porque deixamos de sentir a sensualidade da própria vida. Nas imagens da vila em que o americano é recebido e acolhido pela viúva de sua própria espada, percebe-se a sutileza do perdão, a sutileza do sorriso contido e ao mesmo tempo a sutileza do amargor da perda, aprendemos a lição de que o perdão é maior do que a vingança e percebemos que na ignorância do conhecimento de uma americano aos costumes tradicionais japoneses existe algo muito mais do que nossa vã filosofia consegue decifrar, existe a mágica das palavras pronunciadas que quase como um sussurro aos nossos ouvidos, aprendemos que o ensinamento de novos costumes transformam o homem em algo melhor, como diz Sakamoto, conversar com o inimigo e conhecer suas táticas o fazem ser mais que um inimigo, há um toque de respeito, há uma dádiva que somente grandes homens conseguem perceber nas palavras inimigas podemos confrontar nossas desigualdades e perceber que não somos assim tão diferentes deles, descobrimos nos inimigos o que não percebemos em nós mesmos. Quando Taka, a viúva com um olhar tênue vislumbra seu inimigo, responde apenas com um olhar singelo, um meigo sorriso o recebe nos mostrando que o mais mágico do ser humano é perdoar, é ensinar, é honrar a vida com momentos, fragmentos de perfeição como a flor da cerejeira, quando vislumbramos a morte iminente, tudo se resume a uma pequena flor, há um último suspiro de ar do campo, há um último delírio do que não podemos mais ser. Não somos imortais, mas podemos tornar nossas atitudes imortais e ser lembrado como um samurai, aquele que serve, aquele que honra, aquele que ama e transforma alguns poucos anos de vida em algo superior a sua própria existência.

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